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A ECONOMIA DO DEUS TRIÚNO

Meu encargo em todas as mensagens aqui é compartilhar com vocês algo sobre a economia de Deus. Vejamos 1 Timóteo 1:3-7: “A fim de advertires a certas pessoas que não ensinem coisas diferentes nem deem atenção a fábulas e genealogias sem fim, que geram discussões em vez da economia de Deus na fé. Mas a finalidade da advertência é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem  fingimento; alguns, desviando-se destas coisas, perderam-se em palavras vãs, pretendendo ser mestres da lei”.

Esses versículos contêm duas expressões muito importantes como é indicado no grego, a língua em que o Novo Testamento foi escrito: economia de Deus e desviando-se. O apóstolo Paulo foi escolhido por Deus para ter responsabilidade pela economia de Deus e treinou seu filho espiritual, Timóteo, nessa economia. É muito interessante notar que as epístolas de Paulo a Timóteo foram escritas numa época em que os cristãos haviam se desviado do caminho original. Eles perderam  o marco central da economia de Deus e estavam prestando atenção em outras coisas.

 

O QUE NOS DISTRAI DA ECONOMIA DE DEUS

Segundo a história, dois elementos prevalecentes distraíram os primeiros cristãos do caminho certo: o judaísmo e o gnosticismo. Tanto os judaizantes, com suas doutrinas e formalismos religiosos, como os gnósticos, com suas filosofias, dissuadiram os cristãos de seguir o Senhor no caminho da economia de Deus. Aparentemente, foram os itens bons do judaísmo e do gnosticismo que fizeram esses primeiros cristãos desviarem-se. Se esses elementos não fossem comparativamente bons, eles

 jamais teriam prevalecido o suficiente para fazer com que os crentes perdessem o alvo da economia de Deus. Por exemplo, os judaizantes enfatizavam muito a lei mosaica do Antigo Testamento. Com certeza não havia nada de errado com a lei. Ao contrário, ela era inquestionavelmente correta e boa e fora dada diretamente pelo próprio Deus. Mas a lei, em si mesma, não estava relacionada com o alvo da economia de Deus. O gnosticismo, do ponto de vista humano, também tinha seus princípios bons. Na verdade, ele foi uma das melhores invenções da civilização humana e foi uma espécie de ajuda para os pagãos. Mas os gnósticos tentaram introduzir sua filosofia na igreja, distraindo os primeiros cristãos do alvo da economia  de Deus.

Hoje, embora não haja judaizantes ou gnósticos para nos incomodar, ainda há muitas coisas para nos distrair. Durante aproximadamente vinte séculos, o sutil nunca deixou de usar coisas aparentemente boas para desviar os crentes de seguir  o Senhor no caminho correto. Se despendermos tempo com o Senhor, perceberemos que o inimigo é persistente em utilizar até mesmo as coisas boas do cristianismo para distrair os filhos do Senhor do alvo da economia de Deus. Enquanto viajava  por muitos lugares deste país nos últimos anos, percebi que muitos assuntos religiosos e até mesmo coisas bíblicas têm sido utilizadas pelo inimigo sutil para influenciar os cristãos buscadores a se desviarem do caminho da economia de Deus.

 

A DEFINIÇÃO DA ECONOMIA DE DEUS

Que é a economia de Deus? A Bíblia, composta de sessenta e seis livros, contém muitos ensinamentos diferentes, mas, se fizermos um estudo completo e cuidadoso das Escrituras com discernimento espiritual, compreenderemos que a economia de Deus é simplesmente Seu plano para dispensar a Si mesmo    à humanidade. A economia de Deus é o dispensar de Deus, que nada mais é do que Ele dispensando-Se à raça humana.  É lamentável que o termo dispensação tenha sido usado erroneamente pelo cristianismo. Sua definição é quase a mesma da palavra grega para economia. Ela significa o “arranjo administrativo, o gerenciamento governamental” ou o mordomado dispensador, distribuidor do plano de Deus. Nesse dispensar divino, Deus, que é todo-poderoso e todo-inclusivo, pretende dispensar nada além de Si mesmo para nós. Isso precisa ser repetido muitas vezes para nos impressionar profundamente. Deus é extremamente rico. Ele é como um homem de negócios bem-sucedido que tem um capital enorme. Deus tem um negócio neste universo e Sua grande riqueza é Seu capital. Não percebemos quantos bilhões, incontáveis bilhões Ele tem. Todo esse capital é Ele mesmo, e, com esse capital, Ele pretende “fabricar-Se” numa produção em massa. O próprio Deus é o Negociante, o capital  e  o  produto. Sua  intenção é dispensar a Si mesmo para dentro de muitas pessoas em uma produção em massa e gratuita. Portanto, Deus precisa desse arranjo divino, desse gerenciamento divino, desse dispensar divino,

dessa economia divina, para introduzir-se na humanidade.

Sejamos mais específicos. Agora que sabemos que o propósito de Deus é dispensar a Si mesmo, precisamos descobrir o que é Deus para saber o que Ele está dispensando. Em outras palavras, qual é a substância de Deus? Quando um homem de negócios planeja fabricar um produto, ele precisa, antes de tudo, conhecer claramente sua substância, ou constituinte básico. A substância de Deus é Espírito (Jo 4:24). A própria essência do Deus universal, todo-poderoso, todo-inclusivo é simplesmente Espírito. Deus é o Fabricante e Ele pretende reproduzir-se como o produto; portanto, tudo o que Ele reproduzir tem de ser Espírito, Sua própria substância.

 

OS PASSOS DA ECONOMIA DE DEUS

Vimos o propósito de Deus e o que é dispensado por Deus; agora precisamos compreender como Deus é dispensado através de Sua economia. Em outras palavras, o que Deus dispensa para o homem é Espírito, mas agora precisamos ver o meio pelo qual Ele faz isso. É por meio da Trindade. O Deus Triúno (Pai, Filho e Espírito) é a própria economia da Deidade. O cristianismo, nos séculos passados, tem tido muitos ensinamentos sobre a Trindade, mas a Trindade nunca poderá ser entendida de maneira adequada se não estiver relacionada à economia divina. Por que são necessárias as três pessoas da Deidade para o desenvolvimento de Sua economia? Sabemos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três Deuses separados, mas um único Deus expressado em três pessoas. Contudo, qual é   o propósito de haver três pessoas da Deidade? Por que são três: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito? É porque somente mediante a Trindade pode haver os meios essenciais pelos quais o Espírito é dispensado a nós.

Segunda aos Coríntios 13:14 mostra os passos da economia de Deus por meio da Trindade. “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” Aqui temos a graça do Filho, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo. Quem são esses? São  três Deuses diferentes? Amor, graça e comunhão são três itens diferentes? Não. Amor, graça e comunhão são um elemento  em três estágios: amor é a fonte, graça é a expressão do amor e comunhão é a transmissão desse amor em graça. Igualmente, Deus, Cristo e o Espírito Santo são um único Deus expresso em três pessoas: Deus é a fonte, Cristo é a expressão de Deus e o Espírito Santo é a transmissão, trazendo Deus em Cristo para dentro do homem. Assim, as três pessoas da Trindade tornam-se três passos sucessivos  no  processo  da  economia de Deus. Sem esses três passos, a essência de Deus jamais poderia ser dispensada para o homem. A economia de Deus é desenvolvida do Pai, no Filho e pelo Espírito.

Do Pai

Deus Pai é a fonte universal de todas as coisas. Ele é invisível e inacessível. Como Deus Pai, que habita em luz inacessível (1Tm 6:16), pode estar dentro de nós? Como podemos ver o Pai invisível? Se Deus fosse apenas o Pai, Ele seria inacessível e não poderia ser dispensado ao homem. Mas, mediante o arranjo divino de Sua economia, Ele colocou a Si mesmo    em Seu Filho, a segunda pessoa da Trindade, para tornar-se disponível ao homem. Toda a plenitude do Pai habita no Filho (Cl 1:19; 2:9) e é expressada por meio do Filho (Jo 1:18). O Pai, como a fonte inesgotável de todas as coisas, está corporificado no Filho. O Deus incompreensível está agora expressado em Cristo, a Palavra de Deus (1:1); o Deus invisível é revelado  em Cristo, a imagem de Deus (Cl 1:15). Portanto, o Filho e o Pai são um (Jo 10:30) e o Filho é até mesmo chamado de Pai (Is 9:6).

Antes, era impossível ao homem contatar o Pai. Ele era exclusivamente Deus e Sua natureza era exclusivamente divina. Não havia coisa alguma no Pai para transpor o abismo entre Deus e o homem. Mas agora, Ele não apenas corporificou-se no Filho, mas também se encarnou na natureza humana. O Pai agradou-se de combinar Sua divindade com a humanidade no Filho. Mediante a encarnação do Filho, o Pai inacessível é agora acessível ao homem. Dessa maneira, o homem pode ver o Pai, tocá-Lo e ter comunhão com Ele por meio do Filho.

Podemos demonstrar esse relacionamento mergulhando um lenço branco em uma tinta azul. A divindade do Pai podia originalmente ser comparada ao lenço branco. Esse lenço, mergulhado na tinta, representa o Pai no Filho encarnando-se na humanidade. O pano branco agora tornou-se azul. Assim como o azul foi acrescentado ao lenço, a natureza humana foi acrescentada à natureza divina e as duas naturezas, que antes estavam separadas, tornaram-se uma. O primeiro estágio de Deus dispensar-se ao homem, portanto, é mediante Sua corporificação e encarnação no Filho como homem reproduzindo-se, assim, no homem.

No Filho

O segundo passo para introduzir Deus no homem é por meio da segunda pessoa da Trindade, o Filho de Deus. Para entender o segundo estágio da economia de Deus, precisamos saber o que é Cristo. Quais são os elementos que compõem Cristo? Quais são os ingredientes combinados que constituem Cristo?

Há sete elementos básicos que compõem essa pessoa maravilhosa, seis dos quais foram acrescentados através de Sua história. Primeiro, Cristo é a corporificação divina de Deus. Esse primeiro elemento de Cristo é a essência e natureza de Deus.

O segundo elemento, Sua encarnação, é o mesclar de Sua natureza divina com a natureza humana. Mediante Sua encarnação, Ele introduziu Deus no homem e mesclou a essência divina de Deus com a humanidade. Em Cristo não há somente Deus, mas também o homem.

O terceiro elemento acrescentado às Suas naturezas divina e humana foi Seu viver humano. Esse homem-Deus glorioso viveu na terra por trinta e três anos e meio e experimentou todas as coisas comuns que fazem parte da vida humana diária. O Evangelho de João, que enfatiza que Ele é o Filho de Deus, também nos diz que Ele ficou cansado, teve fome, sede e que chorou. Seus sofrimentos humanos também fizeram parte de Sua vida diária, que incluiu muitos transtornos, problemas, provações e perseguições terrenas.

Sua experiência de morte é o quarto elemento. Ele entrou na morte. Mas não só entrou na morte; Ele atravessou a morte. Isso produziu uma morte muito eficaz. A morte de Adão é terrível e caótica, mas a morte de Cristo é maravilhosa e eficaz. A morte de Adão nos escravizou à morte, enquanto a morte de Cristo nos libertou da morte. Embora a queda de Adão tenha trazido muitos elementos malignos para dentro de nós, a morte eficaz de Cristo é o poder aniquilador em nós para exterminar todos os elementos da natureza de Adão.

Portanto, em Cristo há a natureza divina, a natureza humana, a vida humana diária com seus sofrimentos e também a eficácia da Sua morte. Mas ainda há três elementos adicionais em Cristo. O quinto elemento é Sua ressurreição. Após Sua ressurreição, Cristo não se despiu de Sua humanidade para tornar-se novamente apenas Deus. Cristo ainda é um homem. E, como homem, Ele tem o elemento adicional da vida de ressurreição mesclado com Sua humanidade.

O sexto elemento em Cristo é Sua ascensão. Por meio de Sua ascensão aos céus, Ele transcendeu todos os inimigos, principados, poderes, domínios e autoridades. Todos estão debaixo dos Seus pés. Portanto, o poder transcendente de Sua ascensão está mesclado com Ele.

Finalmente, o sétimo elemento em Cristo é Sua entronização. Cristo, o homem com a natureza divina, é entronizado no terceiro céu como o Cabeça exaltado de todo o universo. Ele está nos céus como o Senhor dos senhores e Rei dos reis.

Precisamos nos lembrar, portanto, dos sete elementos maravilhosos que estão Nele: a natureza divina, a natureza humana, a vida humana diária com seus sofrimentos terrenos, a eficácia de Sua morte, o poder da ressurreição, o poder transcendente da ascensão e a entronização. Todos esses elementos estão mesclados nesse Cristo maravilhoso.

Pelo Espírito

Contudo, Deus não pode entrar em nós por meio do Filho. De acordo com os primeiros estágios de Sua economia, o Pai colocou-se no Filho, e o Filho tem os sete elementos mesclados em Seu interior. Mas ainda precisamos de mais um estágio, um terceiro e último passo, para Deus dispensar-se para dentro do homem. O primeiro passo foi que o Pai corporificou-se no Filho; o segundo foi que o Filho encarnou-se na humanidade a f im de ter os sete elementos maravilhosos mesclados com Ele; o terceiro passo é que tanto o Pai como o Filho estão agora no Espírito. Tudo que está no Pai está no Filho e tanto o Pai como o Filho, contendo todos os elementos em Cristo, são introduzi- dos no Espírito.

O Espírito Santo, depois da ascensão do Senhor, não é mais igual ao Espírito de Deus nos tempos do Antigo Testamento. O Espírito de Deus no Antigo Testamento tinha apenas um elemento: a natureza divina de Deus. Como o Espírito divino, Ele não tinha os elementos da natureza humana, da vida humana diária, da eficácia da morte, da ressurreição, da ascensão e da entronização. Hoje, contudo, sob a economia neotestamentária, os sete elementos de Cristo foram postos no Espírito e, como tal, esse Espírito todo-inclusivo veio para dentro de nós  e sobre nós. Em outras palavras, Ele está em nós e nós esta- mos Nele. Esse é o verdadeiro mesclar de Deus com o homem que podemos experimentar a qualquer momento. Estamos mesclados interiormente e exteriormente com o Espírito Santo.

Que é o Espírito Santo? É o Espírito da verdade (Jo 15:26). Mas que é a verdade? O significado da palavra grega verdade  é “realidade”. Portanto, o Espírito Santo é o Espírito da realidade, a realidade plena de Cristo. Assim como Deus está corporificado em Cristo, Cristo é tornado real na pessoa maravilhosa do Espírito Santo. Cristo não está separado de Deus e o Espírito não está separado de Cristo. Cristo é Deus expressado, e o Espírito é Cristo percebido em realidade.

Segunda aos Coríntios 3:17 diz: “O Senhor é o Espírito”. Esse versículo prova que o Espírito Santo não está separado de Cristo. O Senhor é o próprio Cristo e é mencionado como  o Espírito. Primeira aos Coríntios 15:45 diz: “O último Adão tornou-se Espírito que dá vida”. Novamente, a Bíblia mostra que Cristo, o último Adão, é o Espírito. Temos de admitir que esse Espírito que dá vida é o Espírito Santo.

Além disso, Deus Pai também é o Espírito (Jo 4:24). Por- tanto, as três pessoas da Deidade são  o  Espírito. Se  Deus Pai não é o Espírito, como Ele poderia estar em nós e como poderíamos contatá-Lo? Mais ainda, se Deus Filho não é o Espírito, como Ele poderia estar em nós, e como poderíamos experimentá-Lo? Porque o Pai e o Filho são Espírito, podemos facilmente contatar Deus e experimentar Cristo.

Considere os versículos seguintes (os itálicos são para ênfase): “Um só Deus e Pai de todos, o qual é (...) em todos”  (Ef 4:6). “Jesus Cristo está em vós” (2Co 13:5). “Seu Espírito que habita em vós” (Rm 8:11). Esses três versículos revelam que o Pai, o Filho e o Espírito estão em nós. Então, quantas pessoas estão em nós? Três ou uma? Não deveríamos dizer que três pessoas separadas estão em nós, tampouco deveríamos dizer que apenas uma pessoa está em nós; antes, devemos dizer que o Três-em-um está em nós. As três pessoas da Deidade não são três Espíritos, mas um único Espírito. O Pai está no Filho e o Filho, com Seus sete elementos maravilhosos, está no Espírito. Quando esse Espírito Santo maravilhoso entra em nós, a Deidade é dispensada a nós. Porque as três pessoas estão em um Espírito, temos o Pai, o Filho e o Espírito Santo em nós. Mais adiante veremos que o Deus Triúno está em nosso espírito humano para ser nossa vida espiritual interior. Esse é o centro da economia de Deus e o método pelo qual Deus é dispensado a nós. A meta da economia divina é dispensar o Deus Triúno em um Espírito ao nosso espírito humano. Consequentemente, devemos agora concentrar toda nossa atenção a viver por meio do Deus Triúno que habita agora em nosso espírito humano. Se nos desviarmos disso, não importando quão boas ou bíblicas sejam as outras coisas, nós certamente perderemos o ponto central da economia de Deus. O Senhor hoje está restaurando Seus filhos fazendo com que eles estejam centrados nesse ponto crucial de Sua economia divina.

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